Eva Prima Pandora by Jean Cousin le Vieux - 1550 Musée du Louvre Eva Prima Pandora by Jean Cousin le Vieux - 1550 Musée du Louvre

Eva Prima Pandora

óleo sobre tela •
  • Jean Cousin le Vieux - 1500 - before 1593 Jean Cousin le Vieux 1550

Esta obra foi um achado da Justina, que é a responsável pelas nossas mídias sociais e parcerias (você já nos segue no Twitter e no Facebook?). É sensacional! Eu nunca a vi no Louvre (talvez pelo fato do acervo conter 380.000 obras), mas com certeza ela merece ser apresentada no DailyArt. Eva, culpada do pecado original, conforme relatado no Livro de Gênesis, aqui é igualada a Pandora; que, na mitologia grega, libertou todos os males que afligem a humanidade por causa da sua curiosidade ao abrir a caixa que lhe foi confiada pelos deuses. Trazendo à tona um dos exercícios intelectuais favoritos dos humanistas da Renascença, Cousin leva seus espectadores à uma comparação: não existem notáveis semelhanças entre a primeira pecadora da tradição judaico-cristã e a primeira mulher modelada por Hefesto? As duas mulheres desobedeceram pelo mesmo motivo: curiosidade. As duas foram a raiz dos males da humanidade: como o crânio (símbolo das Vaidades) indica, o vaso sobre o qual Pandora inutilmente coloca sua mão já libertou as pragas e os desastres que deveriam ter ficado aprisionados para sempre. Esta representação sensualmente imaginativa de Eva, a primeira mulher, oferece uma figura feminina idealizada reclinando-se contra um plano de fundo dicotômico: a paisagem intocada do lado direito, que representa os meandros do paraíso terrestre, e a paisagem à esquerda, organizada e dominada pelo homem. A inspiração de Jean Cousin aqui é claramente italiana: a utilização rigorosa de perspectiva, a hábil organização do espaço pictórico, os contornos do corpo definidos por uma leve luz que vem da esquerda, a sensualidade física da jovem mulher e o requintado acabamento das joias e acessórios. A arquitetura e o crânio, que lembram Mantegna em sua sofisticação simbólica, são evocações da fugacidade da vida e da beleza terrestre. Muito pouco é conhecido a respeito da história desta obra e das circunstâncias por trás de sua criação. Propriedade da família Sens, originária do mesmo vilarejo de Jean Cousin, a pintura foi adquirida pela associação Amigos do Louvre e cedida ao museu em 1922.