Peter Paul Rubens
Então, fui a um museu contemporâneo este fim de semana - pode ter sido em Portugal, talvez até em Lisboa - mas não serei específico e isso não tem qualquer relevância para o que estou prestes a dizer ... exceto que eu prometi a mim mesmo que não voltaria a esses museus sem a companhia de uma criança jovem o suficiente para ser incapaz de soletrar corretamente "Mas o Imperador não está usando nada!" Talvez você não consiga ver a relevância de tal companheiro, mas me dê uma chance para elaborar. Vi uma infinidade de objetos, alguns mais planejados do que outros, desde objetos do cotidiano transformados em arte a empreendimentos que não me arrisco a tentar definir. Ao lado desses objetos, havia uma tábua de madeira. Não uma prancha de design, nem um skate ou prancha de surfe, mas uma prancha que você esperaria ver em um ambiente de construção; e enquanto eu caminhava pela exposição, não pude deixar de reconhecê-la como uma "obra de arte". Depois de olhar para tudo o que havia para ver, voltei para aquela tábua de madeira. Só então notei que, ao contrário de todas as outras peças, que tinham uma descrição ao lado, esta prancha não tinha nenhuma! Pareceu-me que era "apenas" uma placa colocada lá temporariamente, esperando em um canto para cumprir algum propósito. Mas o que há de errado com a Arte para que uma tábua de madeira possa ser confundida com uma obra - e teria sido Arte se eu não percebesse que estava lá por acaso? Vamos colocar as coisas em perspectiva: a pintura de hoje foi criada pelo Grande Mestre Rubens, que levou sete anos para terminá-la. Ela é simplesmente genial: cheia de emoção, ação, drama e simbologia. Representa Prometeu sendo punido pelos deuses gregos por dar um elemento divino (fogo) aos insignificantes humanos mortais. É uma obra linda e incontestável. Rubens, como tantos outros, era como Prometeu. Imagine o que Van Gogh sofreu sozinho e na pobreza para trazer a nós, mortais insignificantes, sua arte imortal. E como pagamos a Arte? Confundindo-a com tábuas de madeira ... Da próxima vez, se você tiver um filho ou filha pequeno e curioso, convide-me a ir com você a museus contemporâneos. Talvez eles tenham o que é preciso para apontar todas as tábuas de madeira com descrições. O resto de nós é apenas enganado pelas novas roupas do imperador.
Artur Deus Dionisio