O Beijo da Esfinge

Esta pintura é um grande melodrama pintado no esplendor de um ardente flamejante. Em um beijo apaixonado, a esfinge pressiona seus lábios contra os lábios de um homem como um vampiro, como se fosse sugar a vida dele. Foi o poema de Heinrich Heine no prefácio ao seu Buch der Lieder (3ª edição, 1839) que inspirou Stuck a pintar esse triunfo da mulher sobre o homem. A imagem de mármore ganhou vida, Começou a gemer e implorar - Ela bebeu meus beijos ardentes Com sede voraz e ganância. Ela bebeu o fôlego do meu peito, Ela alimentou a luxúria sem pausa; Ela me apertou com força e rasgou e dilacerou meu corpo com suas garras. No século XIX, a esfinge era um tema popular na literatura e nas artes visuais. As muitas imagens podem ser divididas em quatro tipos básicos: a esfinge egípcia, a esfinge grega, a esfinge como femme fatale e a esfinge mística. Nesses quatro tipos, e nas várias formas híbridas, vemos como, em sua abordagem à esfinge, os vários artistas retrataram uma luta interior diferente: a luta entre os instintos animais e o intelecto, o eterno conflito entre homem e mulher, ou a procura pelo significado da existência humana. Franz von Stuck nos deu um retrato mais explícito da femme fatale em Der Kuss der Sphinx. Ela é uma sedutora, uma espécie de vampiro também que, com seu beijo da morte, parece estar sugando o sangue da vida de um jovem nu. A esfinge como femme fatale alcançou seu auge por volta de 1900 em uma identificação total da mulher com a esfinge. A alegada natureza “animal” das mulheres foi frequentemente retratada de forma bastante gráfica em figuras mitológicas semi-humanas como a esfinge. O Simbolismo trouxe à esfinge uma aura erótica e desenvolveu ainda mais a figura como a personificação da femme fatale. Isso foi uma referência tanto ao eterno problema do equilíbrio de poder entre homens e mulheres, quanto ao papel em mudança da mulher na sociedade, que frequentemente era visto como uma ameaça aos homens. Para o artista masculino, a sugestão da dominação feminina teve uma atração ambivalente. Ao dar à esfinge uma aparência contemporânea, o artista aponta o lado traiçoeiro da mulher moderna.