Neste dia, em 1774, nasceu Caspar David Friedrich, um pintor de paisagens romântico alemão, mais conhecido pelas suas paisagens alegóricas da sua fase intermédia. O seu principal interesse era a contemplação da natureza, e a sua obra, frequentemente simbólica e anti-clássica, procura transmitir uma resposta subjectiva e emocional ao mundo natural.
O quadro mostra um barco à vela que se afasta da costa do Báltico com vários pescadores a bordo. O local não identificado é provavelmente a Pomerânia, perto de Rügen, porque foi utilizado em muitas das vistas de Friedrich, embora não corresponda a nenhum dos esboços do pintor a partir da natureza. A cena, que se desenrola ao crepúsculo, mostra um grupo de homens de costas para o espetador, que observa a embarcação que parte, embora aparentemente sem estabelecer contacto visual com os marinheiros. A presença destes homens, vestidos com trajes tradicionais alemães, não é fácil de explicar e contribui para o carácter enigmático da paisagem marítima. A sua atitude e a proximidade do barco sugerem que podem ter prestado alguma ajuda ao pescador, talvez ajudando-o a libertar o seu barco depois de este ter encalhado na costa rochosa. Só quando comparamos a composição com um desenho feito pelo jovem Friedrich em Berlim, em 1799, intitulado Despedida à beira-mar (Kunsthalle Mannheim), e que representa um barco idêntico e figuras semelhantes, é que nos apercebemos de que se trata, de facto, de uma cena de despedida. O motivo central de Friedrich é, pois, a separação dos dois grupos de homens, os que embarcaram e os que ficaram em terra, e as posições de cada um na natureza. A leitura alegórica desta paisagem marítima reside no contraste entre os dois grupos numa situação de partida.
Vemo-nos amanhã!
P.S.: Eis aqui uma seleção das dez obras mais famosas de Friedrich. :)