Só

Em quatro cores - preto, azul, laranja e branco - Lautrec pintou rápida e espontaneamente uma prostituta deitada na cama. O seu cliente acabou de sair do quarto. Esticada de costas, ela está completamente fatigada. As suas meias pretas são puxadas para cima sobre as suas pernas finas, que estão penduradas desde a cama até ao chão. Esta posição sem vida transmite uma exaustão total.

Numa tentativa de sugerir o frenesim da anterior relação, os lençóis da cama são retratados como uma mistura de traços azuis grosseiramente pintados e manchas de branco. Os lençóis são amassados da esquerda para a direita, para cima e para baixo e diagonalmente. Somos testemunhas do rescaldo imóvel da turbulenta atividade sexual que contrasta fortemente com a figura prostrada. A cena é de ausência enigmática. Ficamos a pensar na sórdida transação que precedeu este momento e sentimos simpatia pela mulher cujo ofício a deixou num estado tão desfeito.

Toulouse-Lautrec é bem conhecido pelas suas pinturas de prostitutas e cortesãs. Por vezes, ele fazia as malas e mudava-se para um bordel durante dias ou meses a fio. Até gostava de chocar novos conhecidos, dando o notório endereço de um bordel como seu local de residência. Prostitutas e madames aceitavam Lautrec como um pária, e permitiam-lhe vaguear, desenhar e pintar livremente por sua própria iniciativa ou por encomenda aos bordéis.

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